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Agência Desenvolve RN
Diretora-presidente Márcia Maia participa do Fórum de Desenvolvimento

Bruno Araújo/ASCOM

07/08/2025 às 09:24

Desenvolve RN participa de Fórum em SP sobre crédito e avanço sustentável do Brasil

A diretora-presidente da Desenvolve RN, Márcia Maia, destacou a relevância do debate relacionado ao avanço sustentável e justo.

A agência Desenvolve RN participou nessa quarta-feira (06) do “10º Fórum de Desenvolvimento – Sustentabilidade: oportunidades e desafios para o Brasil,” promovido pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), em São Paulo. O evento reuniu autoridades, especialistas e representantes do setor produtivo para debater caminhos que conciliem crescimento econômico, redução das desigualdades e uma transição justa, com destaque para o papel da indústria nacional na construção de uma economia verde, inovadora e inclusiva.

Realizado no Espaço Nobre da Fiesp, as discussões evidenciaram o papel do Sistema Nacional de Fomento (SNF) na promoção de um modelo de desenvolvimento inclusivo, verde e inovador. A diretora-presidente da Desenvolve RN, Márcia Maia, destacou a relevância do evento. "Vimos um debate importante entre setor público, privado e da sociedade civil sobre avanço sustentável e justo para o país, bem como, alternativas de parcerias para promover o acesso ao crédito com viés de aplicação em iniciativas sustentáveis para promoção do desenvolvimento", afirmou.

Maria Fernanda Coelho, presidenta da ABDE e diretora de Crédito Digital para MPMEs do BNDES, destacou a necessidade de respostas concretas frente à crise climática, geopolítica e social. “Nas adversidades, o povo brasileiro demonstra sua resiliência, capacidade empreendedora e solidariedade. Precisamos consolidar um modelo de desenvolvimento democrático, socialmente inclusivo e ambientalmente sustentável”, afirmou.

Maria Fernanda Coelho defendeu ainda que é necessário oferecer respostas concretas aos desafios econômicos, sociais, ambientais, políticos e geopolíticos. “Superaremos os desafios e consolidaremos um modelo de desenvolvimento democrático, multilateral, socialmente inclusivo, ambientalmente sustentável e que garanta a nossa soberania enquanto nação independente”, ressaltou.

Apontadas como peças-chave para impulsionar o crédito sustentável, as instituições financeiras de desenvolvimento foram consideradas fundamentais para ampliar a inclusão produtiva e estimular tecnologias limpas. “Mais do que oferecer crédito, essas instituições têm o papel de induzir investimentos transformadores”, defendeu Pedro Wongtschowski, presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Fiesp.

A representante do BID no Brasil, Annette Killmer, reforçou o protagonismo do país. “Qual país reúne, ao mesmo tempo, uma biodiversidade tão expressiva, um setor produtivo arrojado e um sistema de fomento tão desenvolvido como o Brasil? Só o Brasil é o Brasil”, disse. Ela destacou iniciativas como o Laboratório de Inovação Financeira e os investimentos em parceria com o BNB e o BRDE, especialmente na Amazônia e no Nordeste, que são fundamentais nesse momento em que o Brasil busca o desenvolvimento econômico sustentável.

Potencial nordestino

Representando o Banco do Nordeste, o presidente Paulo Câmara apresentou dados que reforçam o dinamismo da região, que é considerada a que possui maior potencial para produção de energia limpa. Em 2024, as iniciativas do banco para os programas de microcrédito orientado e às micro e pequenas empresas resultaram em uma aplicação de R$ 26,7 bilhões, alta de 49% em relação a 2022. Somente para a indústria e agroindústria, em 2023 e 2024, o banco aplicou o valor de R$ 7 bilhões. Esse resultado foi 40% maior que a média anual do período do período 2019/2022, o qual resultou em pouco mais de R$2,5 bilhões. O valor previsto para 2025 é de R$ 5,6 bilhões — um aumento de 126% frente à média de 2019/2022 voltado exclusivamente para a indústria.

“O Nordeste é uma região que ainda tem muitos desafios. Possui 27% da população do país e apenas 14% do PIB brasileiro. No entanto, tem uma economia diversificada, criativa. Se o Brasil almeja realizar uma transição para a economia limpa e justa, tem que aproveitar as vantagens competitivas regionais, pois de todas as políticas sociais, a mais eficaz e eficiente é a política que fortalece a atividade produtiva”, destacou.

Paulo Câmara ressaltou ainda que o Nordeste exporta parte da energia limpa que produz e já se posiciona como polo de produção de hidrogênio verde. “Estamos prontos para liderar a economia de baixo carbono”, afirmou Câmara. Ele também lembrou da importância da Chamada Nordeste, que prevê até R$ 10 bilhões em projetos de industrialização verde.

Indústria e sustentabilidade: desafios e caminhos

Rafael Cervone, presidente do CIESP, alertou para os entraves da indústria nacional, como o alto custo do crédito, tributação excessiva e burocracia. Segundo estudo da Fiesp e Ciesp, entre 2008 e 2022 o chamado “Custo Brasil” representou um diferencial de 24,1% frente aos concorrentes internacionais. “Mas temos uma agenda de modernização viável. Precisamos de juros compatíveis, apoio tecnológico, crédito de carbono estável e mão de obra qualificada”, defendeu.

Josué Gomes da Silva, presidente da Fiesp, destacou o papel do sistema de fomento e a importância de resgatar o protagonismo da indústria de transformação. Além disso, ressaltou a importância pela jornada pela digitalização e pela descarbonização da indústria de São Paulo. Segundo ele, a meta que pelo menos 40 mil empresas passem pelo processo, sendo que a digitalização já ocorre em 20 mil delas.

“No estado de São Paulo, há 52 mil empresas ativas enquadradas no como indústria, sendo 47 mil de micro e pequeno porte. E é desta forma, aumentando a produtividade, que vem obviamente com o investimento, aumentando a inovação, aumentando a digitalização e a descarbonizando os processos que a indústria brasileira vai voltar a ser a locomotiva que puxa no crescimento nacional e com inclusão social”, ressaltou.

Ele também apontou o déficit de US$ 4 a US$5 bilhões na balança de serviços com o processamento de dados no exterior. “Se trouxermos essa atividade para o país, podemos atrair até US$ 75 bilhões em investimentos em infraestrutura digital e inteligência artificial.”

Investimento em inovação

Elias Ramos, diretor de Inovação da Finep, apontou que dados de uma pesquisa dos anos de 2014 até 2023 mostram que o investimento empresarial no Brasil é de apenas 0,6% do PIB. Enquanto isso, na Coreia são da ordem de 3,9% do PIB e os investimentos governamentais da ordem de 0,5% do PIB. Na China 2% mais 0,36%; nos Estados Unidos 2,7% mais 0,27% dos investimentos públicos. “A inovação é estratégica para a competitividade global. É preciso aumentar o investimento privado com políticas públicas que compartilhem o risco da inovação”, afirmou.

Nesse contexto, Ramos ressaltou avanços como a recente sanção do PL 847/2025, que libera R$ 22 bilhões do FNDCT para projetos inovadores e a Nova Indústria Brasil (NIB), lançada pelo governo federal em janeiro de 2024. A política prevê cerca de R$ 500 bilhões em investimentos até 2033, com foco em cadeias produtivas de baixo carbono, bioeconomia e tecnologias limpas. As metas da NIB estão diretamente alinhadas à transição ecológica e ao fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas — temas centrais do Fórum da ABDE. “A NIB reforça o nosso compromisso com uma política industrial moderna, que valoriza a sustentabilidade e a inovação”, pontuou Tadeu Alencar, ao lembrar o papel estratégico das MPMEs na transformação da economia nacional.

Pequenos negócios e inclusão produtiva

Representando o Ministério do Empreendedorismo, Tadeu Alencar lembrou que as MPMEs respondem por 70% dos empregos formais, mas menos de 1% das exportações. “Se não atuarmos para resolver os obstáculos ao crédito e à qualificação técnica, corremos o risco de ver a transição verde concentrada apenas em grandes empresas”, alertou. Ele defendeu maior articulação entre governo, academia e setor privado para alinhar inovação, inclusão e sustentabilidade.

Com informações do site oficial da ABDE.